CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DA TRADIÇÃO GAÚCHA
CBTG – 32 ANOS – SONHO E LEGADO
Autor: Francisco Carlos Fighera (Chico Fighera)
Há 32 anos, no dia 23 de maio de 1987,
Num encontro de companheiros tradicionalistas,
Riograndenses, Catarinenses, Paranaenses e Paulistas,
Na linda cidade de Ponta Grossa,
Surgiu um sonho, uma ideia maravilhosa,
Corajosa, histórica, marcante,
De um tradicionalismo gaúcho gigante,
Que unisse os MTGs e Federações em “Confederação”,
Por amor às raízes, ao folclore, à tradição,
À cultura e aos costumes do Rio Grande.
Assim nasceu a Confederação Brasileira da Tradição Gaúcha – CBTG.
À época, já eram muitos os CTGs no Rio Grande e pelo Brasil afora,
E crescia o movimento tradicionalista a cada romper da aurora.
Conscientes e preocupados pelo momento que atravessava a humanidade,
Querendo que o tradicionalismo gaúcho tivesse sua própria identidade,
E sentindo a necessidade de juntos baterem estribo,
Companheiros deram-se as mãos por um movimento unido,
E idealizaram um “Manifesto”, que em 23 de maiofoi lavrado,
E no dia seguinte, 24 de maio de 1987, assinado,
Alicerçado no respeito à “Carta de Princípios”.
Claras as intenções do “Manifesto” em seus “considerandos”,
Claros também os propósitos da Confederação:
“Reunir, unir, com liberdade de filiação, respeitada cada Federação”,
Para empreender sua marcha e alcançar seus objetivos,
Visando fortalecer o tradicionalismo gaúcho como organismo vivo,
Congregando causa e ideais, coletivamente,
Sem preconceitos, visando o bem e a paz somente,
Sem fronteiras, unidos numa só bandeira,
Gaúchos e gaúchas, desbravadores e migrantes por natureza,
“Para honrar a glória das Tradições Gaúchas e para legado a nossos descendentes”.
Foram inúmeros Congressos, o primeiro em Florianópolis,
Com a eleição da primeira Diretoria Provisória,
Convenções e Reuniões por todo o Brasil, tudo registrado, história,
Depois o primeiro Estatuto e os Regulamentos,
Continuadamente aperfeiçoados com o tempo,
Com pronunciamentos e debates às vezes acalorados,
Prevalecendo sempre o entendimento, o combinado,
Porque, como dito num Congresso, e é verdadeiro:
“Aqui não tem Doutor, não tem Senhor, somos todos Companheiros”,
A palavra tem valor e o que se combina, escreve e assina, é respeitado.
Em 1990, os narradores abriram os bretes das gargantas
Para anunciar o 1° Rodeio Crioulo Nacional de Campeões,
Visando à valorização das gaúchas tradições.
Ginetes, laçadores e pealadores vieram mostrar suas habilidades,
Também levaram pras pistas laços de cordialidade
E armadas com rodilhas de integração,
Arrinconando estribos e corações,
Nas competições campeiras de cura, rédeas, chasque, pealo e gineteadas,
E os futuros laçadores se divertindo nas vacas paradas,
Prendas e Peões ajoujados na mais pura comunhão.
Mais tarde, em 1994, o 1º Festival Nacional de Arte e Tradição Gaúcha,
E nos campos férteis dos palcos brotaram as vozes dos cantores,
Os versos xucros dos trovadores, as poesias dos declamadores,
Os causos dos contadores, que juravam ser verdades,
Num clima temperado de respeito e amizade.
As esporas dos chuleadores riscaram o chão,
As botas dos dançadores fizeram tremer os galpões,
Enquanto as prendas sarandeavam em elegantes meneios,
Alma dos gaiteiros e violeiros nas pontas dos dedos,
FENART, encontro de arte, alegria, integração, emoção.
Depois, em 2001, os Jogos Tradicionalistas regulamentados, pois já vinham desde 1994,
Pediram cancha pras bochas, bolão, tetarfe, tava,
Nas mesas truco, trucadas e retrucadas,
Pra cada envido uma flor de fraternidade,
Em cada carta de solo um trunfo de camaradagem,
Cada esportista um parceiro, companheiro, irmão,
Representando seu MTG ou Federação,
Porque em cada jogo o que importa e tem mais valor,
É o abraço cinchado entre ganhador e perdedor,
O encontro, o reencontro, a confraternização.
32 anos da CBTG, momento de relembrar tantos encontros,
Regados a abraços, sorrisos, choro, prosa, churrasco e chimarrão,
Marcados por versos, danças, chula, causos, canha, gaita e violão,
Cavalgadas de integração, a Chama Crioula sempre à frente,
Os cavaleiros da Ordem, atuantes e presentes,
Cursos e Concursos de Prendas e Peões,
Tudo para o fortalecimento das relações,
E para integrar e defender interesses comuns,
Com respeito à liberdade de pensar e agir de cada um,
Reunindo e unindo famílias e companheiros, mais que MTGs e Federações.
Ao lembrar esses 32 anos, não tem como não se emocionar,
Mas também homenagear, reconhecer, agradecer,
Aos que idealizaram e aos que ajudaram a construir e a conduzir a CBTG,
Os que estão aqui e os que já se foram para a Divina Querência,
Sem citar nomes, porque companheiros tradicionalistas na pura essência,
Prendas e Peões, tentos que formam o laço de união,
Que envolve sem cerrar presilha e argola o grandioso pavilhão
Que representa nosso pago, nossos símbolos,
Cuia, Bomba, Bandeira, Brasão, Selo, Hino,
E o mais sagrado cálice onde se comunga a tradição, o Chimarrão.
32 anos do sonho, da ideia maravilhosa, do corajoso gesto, dos propósitos daquele “Manifesto”,
Tempo de comemorar o legado construído até aqui,
Mas também de se preocupar em manter o que foi conquistado, avaliar, refletir,
Porque é certo que não será o mesmo caminho daqui pra frente,
Num mundo, nos últimos tempos, a cada dia diferente.
É preciso ter alma e espírito tradicionalista para compreender, harmonizar e resolver algumas questões:
Como ombrear a bandeira do tradicionalismo para preservar as tradições;
Como agregar companheiros seguidores, formar líderes, inspirar,
Que “Manifesto”, que propósitos, que legado, qual a obra que queremos deixar,
Para o Brasil-de-Bombachas das futuras gerações.